quinta-feira, 20 de maio de 2010

McKee: "Mente humana vê a vida como uma história"

Robert McKee, tido como o grande guru dos roteiristas de Hollywood, ensinou em palestra no Wave como aplicar as técnicas do cinema à publicidade

por Robert Galbraith
19 de Maio de 2010 às 18:39


Contar histórias é algo tão natural que a própria mente humana enxerga a vida como um grande roteiro de acontecimentos passados e futuros. Robert McKee, considerado um dos maiores gurus dos roteiristas de Hollywood, garantiu em palestra na tarde desta quarta-feira, dia 19, no Wave Festival que a teoria é corroborada por diversos estudiosos de psicologia, antropologia e outras ciências. Isso, segundo ele, explica o fascínio que o ser humano tem por contar e ouvir histórias desde os primórdios da história. "Na época pré-histórica, os caminhos e os rituais eram memorizados como um roteiro", disse McKee, numa das mais concorridas palestras deste ano no Wave.

Seguir algumas regras e procedimentos na elaboração destas histórias, no entanto, podem fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso seja de uma super-produção cinematográfica ou mesmo um comercial de 30 segundos. Mas o sucesso, avisa, não tem receita de bolo. "É preciso escrever com paixão, seguindo o coração, e torcer para que a sua história seja bem sucedida em capturar a imaginação do público. Não há fórmula para antecipar isso, apenas torcer", reconhece McKee.

Na publicidade, onde na maioria das vezes a missão precisa ser executada em um minuto ou metade disso, McKee explica que a persuasão quase sempre segue o caminho da sedução via retórica ou emoções. "Na retórica você apela ao intelecto do consumidor, apresentando argumentos concretos para convencê-lo a comprar seu produto", explicou McKee.

No apelo emocional os dez principais elementos usados pela publicidade, segundo ele, seriam natureza, comunidades, prazeres físicos, poder social, vitórias, estética, conhecimento, saúde, espiritualidade e sexo. Quando se opta por uma história, diz McKee, são colocadas em ação as vertentes racionais e emocionais num único tiro. Quanto esse for o caminho a ser seguido, mais uma vez o mestre dos roteiristas diz que é preciso levar em conta a dinâmica da vida real.

"Na vida calculamos os riscos de forma muito conservadora antes de tomar decisões e o leque de conseqüências fica restrito. Na ficção podemos manipular isso de forma mais livre, mas levando em conta os elementos necessários para envolver o espectador e criar empatia com os personagens", ensina.