terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Cresce interesse no uso de celulares como mídia

Segundo o Ibope, 5% dos internautas já acessam a rede também via aparelhos móveis
Alexandre Zaghi Lemos
11/02 - 13:58
Para muitos especialistas, em pouco tempo os aparelhos celulares, smartphones e PDAs serão o principal suporte de convergência das mídias. Apesar de ainda longe de materializar tal previsão, o mercado brasileiro tem se mostrado terreno promissor, pois conta com alta penetração dos celulares (que já somam mais de 120 milhões de linhas ativas), freqüente troca de aparelhos por modelos mais modernos (o que garante rápida adesão às novas tecnologias) e iminente proliferação das redes de telefonia móvel de terceira geração - 3G (freqüências que irão turbinar o acesso móvel à internet).
Como não poderia deixar de ser, o interesse do mercado publicitário no uso dos celulares como mídia tem crescido, embora ainda esbarre em obstáculos naturais para um negócio incipiente. Um deles é a falta de dados confiáveis sobre a atividade. Por esse motivo, aumenta a importância de levantamentos como a décima-nona Pesquisa Internet Pop, lançada pelo Ibope Mídia no mês passado, que, pela primeira vez em seu histórico, mensurou também o acesso à web via celulares, smartphones e PDAs. Esse é um dos principais mapeamentos contínuos dos hábitos dos internautas brasileiros por basear-se em entrevistas em profundidade, realizadas de acordo com o Critério Brasil de Classificação Econômica. Para essa edição, o Ibope ouviu em outubro do ano passado mais de 17 mil pessoas maiores de 10 anos e pertencentes a todas as classes sociais nos nove principais mercados do País: as regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Fortaleza, Recife e Salvador, além do Distrito Federal.Segundo o instituto, na soma dessas praças o número total de internautas é de 22,283 milhões, o que representa 45% da população total. Destes, 5% costumam acessar a internet também via aparelhos móveis, o que equivale a 1,022 milhão de pessoas nas nove regiões. "A maioria dos que acessam a internet por celulares, smartphones e PDAs pertence às classes A e B e tem até 24 anos", detalha o gerente de atendimento do Ibope Mídia, Derli Pravato.
Quanto aos celulares, especificamente, que são a principal forma de acesso móvel, ele informa que os maiores usuários são homens de até 39 anos. Curiosamente, no caso dos smartphones, as mulheres são maioria.Como as pesquisas anteriores do Ibope não incluíam perguntas sobre o acesso à internet via aparelhos móveis, não há como medir a intensidade de crescimento da atividade com base nos dados do instituto. Entretanto, outras fontes deixam claro que a curva ascendente é veloz. É o que comprova, por exemplo, a Predicta, que gerencia campanhas online para alguns dos principais portais brasileiros, como iG, Terra, Vírgula e WebMotors. Suas ferramentas permitem saber qual foi o navegador usado pelo internauta e, a partir daí, concluir se o acesso partiu de computadores ou aparelhos móveis.Nos cinco últimos meses de 2007, a empresa notou aumento de 180% nos acessos via celulares, smartphones e PDAs. As requisições feitas a partir desses aparelhos e monitoradas pela Predicta saltaram de 55 mil em agosto para 155 mil em dezembro.Outro dado que comprova o potencial da "internet de bolso" é que uma fatia significativa desses acessos já é feita via iPhone, embora o modelo ainda não seja comercializado oficialmente no Brasil. "Quando navegam com facilidade, como nos aparelhos mais modernos, os usuários rompem a barreira da usabilidade. Por outro lado, como a maioria dos sites não está preparada para o acesso por meio de celulares, a experiência ainda frustra boa parte dos que têm os modelos mais simples habilitados para a web, que hoje já são encontrados por menos de R$ 100", comenta Claudia Woods, diretora de estratégia e inteligência da Predicta.