quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Procuram-se professores.

Maria Angela de Lima
Ms. em Estudos Culturais/Publicitária/Profª.


Entre as teorias sobre a publicidade e propaganda, talvez a primordial seja o conceito A.I.D.A., isto é, uma mensagem publicitária deve chamar a atenção, gerar interesse, despertar o desejo e levar o público alvo à ação. Outro conceito importante diz respeito aos grupos de referência, aqueles com os quais um indivíduo se relaciona e utiliza como ponto de comparação na formação de seus valores, atitudes ou comportamento. Mas por que falar desses conceitos? Há vários em comunicação; por ora, esses dois bastam para analisar uma propaganda do Governo Federal que está sendo veiculada em cadeia nacional.

O objetivo da propaganda é atrair novos professores para a rede pública de ensino. O problema já tem até nome: “apagão escolar”. Cada vez menos jovens querem ser professores e mais professores desistem da profissão. De acordo com o Instituto de Estatísticas da UNESCO (UIS), o Brasil terá de contratar 396 mil novos docentes até 2015. O difícil está sendo achar candidatos. Se os jovens não querem mais abraçar a carreira que era o sonho no passado, é porque já viram a realidade na sala de aula: professores desmotivados e falta de infraestrutura para a realização de um bom trabalho. Além disso, outras profissões lhes oferecem salários melhores, benefícios e reconhecimento social.

Contra todos esses fatores, a referida propaganda traz o seguinte texto:



Locução em Off (voz masculina):Alguns países mostraram uma grande capacidade de se desenvolver social e economicamente nos últimos 30 anos. Nós perguntamos a pessoas desses países: “Qual é, na sua opinião, o profissional responsável pelo desenvolvimento?”


Locução On (pessoas de diversos países - Inglaterra, Finlândia, Alemanha, Coréia do Sul, Espanha, Holanda e França - respondem a mesma palavra): O professor.


Locução em On (mulher negra, professora, com livros nas mãos): Venha construir um país mais desenvolvido, mais justo, com oportunidades para todos. Seja um professor.


Locução em Off (voz feminina) Informe-se no Portal do MEC. Ministério da Educação. Brasil, um país de todos”.

Ao pesquisar os números da educação nos países apontados na propaganda do Governo, é assustadora a disparidade com os nossos índices. De acordo com relatório “Panorama da Educação 2008” da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), enquanto os países citados na tal propaganda investem entre seis a oito mil dólares por aluno anualmente no ensino fundamental e médio, o que equivale a cerca de R$12.600,00 por aluno, o Brasil gasta cerca de R$2.700,00. Temos também uma das menores porcentagens do PIB gasto em educação, com 4,4%. Enquanto França e Finlândia, por exemplo, investem 6,0% e Coréia do Sul, 7,2%.

Utilizando o mesmo relatório da OCDE, ao comparar, em 2006, os salários de professores com o nível mínimo de qualificação exigido para a certificação no ensino fundamental e no ensino médio em instituições públicas nesses países, o susto é ainda maior. O salário inicial varia de vinte e cinco mil dólares anuais na França (cerca de R$3.800,00 por mês) até quarenta mil dólares na Alemanha (cerca de R$6.200,00 mensais). Enquanto no Brasil, o salário atual para os professores da educação básica é de R$ 950,00 mensais para a jornada de 40 horas semanais. Haja propaganda para reverter esse quadro.

Depois de formados, os jovens sonham com um futuro melhor. E dados os números expostos, esse futuro, com certeza, não está no caminho da docência. Mas o principal equívoco nessa propaganda, ironicamente intitulada no site do MEC de “valorização do professor”, é que ela se esquece dos grupos de referência. Isso mesmo. Os jovens têm em seus professores atuais o seu maior grupo de referência, ou seja, eles veem todos os dias muitos motivos para não escolher essa profissão. Portanto, a propaganda não gera interesse no “produto” (ser professor), não desperta o desejo; logo, não levará à ação.

Mas a mensagem chama a atenção; pelo menos a minha, que mais uma vez fiquei chocada com a coragem do Governo Lula. Desta vez de comparar a valorização e o respeito ao professor nos países citados na propaganda com o descaso com o qual somos tratados no Brasil. Fica a pergunta: desde quando propaganda resolve políticas educacionais mal elaboradas?


sábado, 6 de junho de 2009

Campanha "Informação" - TCE/MT

Era preciso aproximar o Tribunal de Contas do cidadão, reforçar sua função e importância, além de mobilizar a sociedade a fiscalizar a aplicação dos recursos públicos, oferecendo o Portal do Cidadão como instrumento.
A campanha trabalhou com o conceito de que a falta de informação são as amarras que prendem o cidadão na ignorância dos fatos e, como conseqüência, é como se estivesse no escuro sem nada ver, sem possibilidade de falar e de mãos atadas. O portal do cidadão abre os olhos, dá voz e possibilidade de ação ao cidadão, pois solta as amarras para a participação no processo do controle das contas públicas.
A campanha se dividiu em duas fases: 1 semana com o teaser (vídeo, outdoor e jornal) e após a 1ª semana, lançamento da resposta ao teaser (vt's de 60 e 30'', spots, outdoor, jornal e revista).
Agência: Casa D'Ideias Marketing e Propaganda
Criação: Maria Angela de Lima
Direção de arte: Marcos Vinicius
Produtora: Monkey Filmes, Cuiabá
Confira abaixo, algumas das peças criadas:

sexta-feira, 5 de junho de 2009