sábado, 23 de agosto de 2008

E por falar em eleição

Infelizmente não me lembro qual a fonte para citá-la aqui, mas acho interessante registrar algumas leis e técnicas utilizadas na propaganda política há muito tempo. Apesar de complexa, é possível perceber certos princípios que ao longo do tempo têm sido utilizados, configurando certas "leis" básicas. Qualquer semelhança com o que você têm visto pelas ruas e programas eleitorais, não será mera coincidência.

1 - Lei de simplificação e do inimigo único: preocupação em simplificar ao máximo as mensagens - quase a ponto de torná-las fórmulas facilmente decoráveis (daí a importância do slogan e da palavra de ordem). Ao mesmo tempo, busca-se - a cada nova mensagem - focar apenas um inimigo. E uma das formas de simplificação que isso assume é individualizar esse adversário. Este é atacado enquanto se procura resguardar seus apoiadores, que se deseja conquistar.

2 - Lei da ampliação e desfiguração: tendência a utilizar o noticiário em proveito próprio, colocando em evidência todas as informações que possam ser favoráveis aos objetivos da propaganda. Uma citação feita fora do contexto é um exemplo de desfiguração.

3 - Lei da orquestração: a repetição de uma mesma mensagem, sob formas diferentes, ou seja, a permanência de um tema apresentado de maneira variada ilustra essa lei. Sobretudo quando a mensagem é repetida por todos os órgãos de propaganda e adaptada aos diferentes públicos. O tom e a argumentação levam em conta a natureza destes.

4 - Lei da transfusão: trata-se da tendência a identificar e explorar o sentimento popular em proveito próprio, o que se dá a partir do reconhecimento de que é mais fácil manipular a opinião pública a partir de uma base de crenças existentes do que por idéias novas. Naturalmente, os argumentos são trabalhados para servirem aos fins da propaganda política.

5 - Lei da unanimidade e de contágio: está relacionada com a tentativa de reforçar ou criar, mesmo artificialmente, unanimidades, a fim de conseguir apoios de indecisos pelo "contágio". Está ligada à tendência psicológica humana a fugir do isolamento, que leva muitas pessoas a aderirem ao que parece comum a todos.

Contrapropaganda

A contrapropaganda política, isto é, a propaganda de combate às teses de um adversário possui certas características inerentes, que são as seguintes:

1 - Busca “desmontar” os argumentos do adversário, assinalando os temas que podem ser mais facilmente combatidos por terem conteúdo lógico fraco, serem contraditórios etc.

2 – Busca atacar os pontos fracos do adversário. Esse é um preceito fundamental da estratégia da contrapropaganda: encontrar o ponto fraco do adversário e explorá-lo ao máximo.

3 – Não atacar frontalmente uma propaganda adversária quando esta se mostrar poderosa. Se as pessoas estão convencidas de algo (eventualmente por uma propaganda), é melhor partir dessa mesma opinião para combatê-la e modificá-la. Deve-se buscar ganhar a opinião alheia aos poucos, e para isso é preciso estabelecer um terreno comum de interlocução. Por isso, não se deve negar de imediato o que as pessoas acreditam ser bom, já que isso impedirá a discussão.

4 – Atacar e desconsiderar o adversário, apelando para argumentos pessoais, desconsiderando-o. A busca das contradições e aspectos que possam desacreditar o oponente é importante para colocá-lo numa posição de inferioridade

5 – Colocar a propaganda do adversário em contradição com os fatos (seja por fotos, anteriores declarações, testemunhos etc.).

6 – Ridicularizar o adversário, imitando seu estilo ou argumentação de modo a representá-lo como ridículo. E isso que faz, por exemplo, Chaplin, em O grande ditador.

7 – Fazer predominar seu “clima de força”, ou seja, tentar impor sua linguagem ao adversário e à opinião pública. Por exemplo, os líderes dos sem-terra falam em “ocupação” de terras, já seus adversários em “invasão” – e ambos os grupos tentam, através da linguagem, fazer predominar determinada interpretação da realidade.